sábado, 15 de outubro de 2011

Découvrir Algérie

Há quase duas semanas em solo Argelino começo a ambientar-me. A casa vai ganhando móveis e consequentemente algum conforto. Sabe bem nem que seja por duas horas ao final do dia. A obra é muito interessante, cheia de pormenores de construção e vertentes que me fazem crescer profissionalmente. As pessoas parecem trabalhar de uma forma coordenada e o ambiente é bom, dentro do contexto de uma obra claro. Há sempre arrufos, ditos por não ditos, fofocas... mas em geral corre tudo bem.
As minhas funções começam a definir-se de forma mais clara e gosto das responsabilidades mais abrangentes que me começam a tocar. Gestão de materiais, faseamento de frentes de trabalho, facturação, decisões de planeamento, sempre tudo com uma componente económica muito presente. O importante, o fundamental, é no final do mês fazer o balanço entre os gastos e a facturação. Se não correr bem $$$, perceber porquê. Calcular rendimentos de equipas das diferentes especialidade, enfim... a tal secret skill escondida em todos os (bons) engenheiros civis - a capacidade de gestão! Claro que existe a porca, o painel, o ferro de 20, os inertes, o betão, os prumos, as tijes... enfim toda essa parte mais técnica existe e tenho q estar por dentro mas falha-me muita coisa é normal, tudo vem com a experiência.

Andar na rua não é propriamente perigoso como se possa pensar. Como disse, é algo caótico, sempre confuso. Os homens de barbas compridas e vestes compridas e rendilhadas falam árabe alto e negoceiam na rua. São estranhos ao início e todos parecem ter caras de terroristas mas o hábito faz-nos adaptar às circunstâncias e começamos a perceber que são pessoas normais, apenas com outros costumes. Os locais apercebem-se da afluência de estrangeiros e não parecem importar-se. Por outro lado, são simpáticos. Já conhecemos o homem do café onde religiosamente tomamos o nosso cafezinho matinal às 6h20/6h30, o da papelaria em frente mete-se sempre connosco dá-nos conselhos, faz conversa. Na obra todo o staff se conhece, há algumas administrativas que tratam das papeladas o que é bom para amansar a malta e originar aquele burburinho das cuscuquices conjugais uns dos outros e faz com que haja sempre assunto.
Como disse o ambiente é bom, não só dentro da minha empresa, como com o empreiteiro geral.

Noutro dia fui a Argel de carro buscar um homem ao aeroporto... guiar numa autoestrada na Argélia altera todo o conceito de via-rápida que um europeu possa ter. Apesar de ter 2 faixas de rodagem em cada sentido e o limite legal ser 120 km/h há pormenores que mudam radicalmente a forma de guiar. A via não deixa de ser rápida, quando não transito guia-se muito rápido, não é totalmente estanque como a conhecemos em Portugal. É normal haver pessoas a atravessar a pé a estrada saltando o separador central. É normal haver carros em contra-mão na berma. É normal haver fruta à venda na berma bem como táxis e aglomerados de pessoas que esperam boleia. Há casas com a porta colada à estrada. Existem em algumas zonas controlos policiais de bombas e carros suspeitos que abrandam o transito e transformam uma estrada de 2 faixas em 5 faixas. Vale tudo. Os carros ficam a centímetros de distância e circula-se na berma ainda asfaltada e ainda na berma da berma onde normalmente é terra esburacada... Os carros formam filas intermináveis e é a lei do mais forte. A buzina é banal, diria mais, é viciante. É contínua em zonas de trânsito. Existem em algumas zonas vendedores... de resto como na Linha Vermelha, via rápida que fiz vezes imensas no Rio de Janeiro e também como na cintura de Bucareste outra que conheço bem.

Vou descansar minha gente. Com saudades.

Salam Malek (cumprimento em árabe para Olá e/ou Adeus, ouve-se constantemente)

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